terça-feira, 26 de janeiro de 2016

   
Entre Mundos e Constelações


Parte I

   
É como algo que você nunca imaginou. O ápice dos sonhos nunca antes vividos. E, de repente, está você lá. Pra que viver de mãos atadas se você pode se perder por aí? Risadas  iradas  se rompem  na madrugada, copos são jogados, infinitos passos descompassados em  calçadas irregulares. Identidades trocadas, hoje eu vou tentar ultrapassar o inimaginável. E sedento por histórias trocadas, hoje ninguém vai influenciar meu jeito autêntico de ser.

   Não precisa ter hora certa pra chegar. Não importa quantos minutos você vai demorar pra partir. O tempo agora é termo irresoluto, contanto que você  encontre outro rumo a cada parada. Vai chover, e vai fazer sol também. E o horizonte vai ficar cada vez mais distante. Alguém lá atrás vai pedir pra você esvaziar suas malas. Embarque e desembarque na próxima estação. Caixas de sonhos esquecidas em cada cidade. Um guarda-chuva colorido que corrompe a paisagem branco -e -preta. O sol que se esconde detrás dos prédios enquanto você percorre quarteirões sem ainda encontrar nada. E, por fim, somente partir sem esperar nada, nem ao menos encontrar um destino.

   Você nega, mas existe um mundo de possibilidades no seu interior mais obscuro. Simples caminhos a serem conhecidos. Só falta tirar a  coragem do bolso, dar o primeiro passo, e logo você vai se perguntar como pode ter passado tanto tempo na inércia. São coleções de fotos. Viradas livres na catraca do ônibus. O bater do vento enquanto você corre por  uma alameda qualquer. Tropeços pesados de quem corre sempre descalço. A chuva fina que logo te encharca, enquanto você corre  atrás dos minutos  atrasados. E o tempo atropelando os raios de sol que invadem os vidros da sua janela. Lá fora está tudo um caos: talvez ainda exista alguma melodia que precisa ser escutada. 

   Meia volta de carro, meia volta a pé. Uma volta inteira de bicicleta. Marcar vários pontos no seu próximo roteiro de leste a oeste. Aproveitar  o presente que já está virando passado. Ficar à beira do abismo, e correr sem desespero, sem mágoas. Pra quê dúvidas?  Por favor. Quantas chances acha que vai ter? A força do lado de fora é o que define os limites; agora, o infinito não cabe mais numa só palavra. Enquanto isso, novos bagageiros de experiências estão sendo colocados no vagão das possibilidades de se viver algo melhor.  E calma... Alguém disse que se deve parar agora, mesmo que exista uma vontade maior do que tudo. Os minutos se arrastam, passo a passo como quem desiste da corrida. Olha só, vagarosamente, as nuances das luzes ofuscadas, dos papéis jogados sobre o asfalto. Está tudo tão confuso: acho que tem uma estrela brilhando  sobre nossas cabeças. 

   Momentos de quem pensa sobre o próximo destino. Momentos de quem vive entre mundos e constelações.

Camila Carelli

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