sábado, 3 de novembro de 2012


"Não existe beleza rara - explica Banco, Lord Verulam, referindo-se, na realidade, a todas as formas e genera de beleza - sem algo de estranho nas proporções."

Trecho do conto "Ligéia" - Edgar Allan Poe

A "estranheza", todavia, que eu descobria nesses olhos, independia do formato, da cor, ou do brilho deles; vinha, antes, da expressão. Ah, palavra sem sentido, sob cuja ampla latitude de mero som sepultamos nossa ignorância de tantas coisas espirituais!

Trecho do conto "Ligéia" - Edgar Allan Poe

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada. Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." - Clarice Lispector

terça-feira, 23 de outubro de 2012


"...Tanta coisa no mundo era governada pelo acaso... A vida era um enxame de acidentes à espera no alto de uma árvore, atacando qualquer ser vivo que passasse, pronto para devorá-lo vivo. Nada-se num rio de acaso e coincidências. A pessoa se apega aos acidentes mais felizes: o resto você larga de mão... Para todas as outras pessoas, o futuro não era um aliado. Uma pessoa tinha apenas a própria vida para oferecer..."

Trecho do livro "A História de Edgar Sawtelle" - David Wroblewski

segunda-feira, 10 de setembro de 2012


"Sem que eu soubesse por que, eu ficava pálido e meu coração batia violentamente. Tenho um amigo que estuda as ciências ocultas, e que chamaria essa sensação que eu experimentava de afinidade dos fluidos. Mas eu, simplesmente acredito que estava destinado a me apaixonar por Marguerite, e que pressentia isso."

Trecho do livro ´A Dama das Camélias´ - Alexandre Dumas (Filho)

"Mas sou daqueles que acreditam que o muito está no pouco. A criança é pequena, mas encerra o homem; o cérebro é estreito, mas abriga o pensamento; o olho não passa de um ponto, mas abrange léguas."

                                                             Trecho do livro ´A Dama das Camélias´ - Alexandre Dumas (Filho)

"...Eu não precisaria vê-la para reconhecê-la, eu a teria adivinhado."

                                           Trecho do livro ´A Dama das Camélias´ - Alexandre Dumas (Filho)

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Balão Azul




Não adianta tu te abaixares agora, Derquagot, depois que todas as balas espicaçaram por entre nossas peles. Retalhos de criaturas perdidas. E nem tentes fingir que não vês este sangue por entre teus dedos, vermelho e viscoso como o melhor licor, porque eu não vou deixar. Tu reconheces algo com isso? Não nascemos para rodar nestas diagonais. E eu não estaria aqui se tu não precisasses da minha mão na tua. Mas a minha roupa encharcou por culpa tua. Sem tempo para examinar teus erros, te deixei escolher o esconderijo preferido. E assim ficamos detrás deste tronco rombudo e cascudo, onde a mais astuta fera não nos encontraria; duas árvores cortavam as minhas vistas e escondiam o mistério à frente. E o preço agora é este céu recheado de tinta vermelha. Era uma vez o balão azul lá no alto, Derquagot.
Ensaiemos a resolução agora. A melhor resolução para limpar as mãos do sangue sujo. Segure quantos balões forem necessários, porque a marca não vai fácil. Não imaginei que a cena final seria tão pouco colorida. Tu erras, Derquagot, e eu fico sem entender. Não há motivo para as gotas que escorrem da minha boca e que azucrinam meus pés. Somos parte desta conta psicossomática, mesmo não fazendo parte desta tragédia ignota. Não se faz possível este momento; colorido em partes e negro por dentro. E nem adianta tu tentares limpar minha tristeza com tuas lágrimas, pois a minha luminescência se apagou no compasso do barulho dos fuzis.
Mas apesar de tudo, arruma isso e segue meus passos invadidos pela coxeadura. Um sibilo e eu acho que escuto algo. Prepara-te, Derquagot, para o som final. Mais uma bala perpassa nossos ouvidos e vai aos céus. Menos a minha alma nunca reinante sobre ninguém. Sempre assim. Mas tudo bem, nós sabemos.