O Elo Perdido
O elo perdido é como aquela pergunta que nós demoramos a vida inteira para responder. E durante tudo isso nós ficamos suspensos, pensando no porquê da saída não ter chegado antes. Então, somos obrigados a continuar em frente, apesar das respostas insuficientes que alguém sussurra ao pé dos nossos ouvidos. Mas as palavras sempre chegam e nos absorvem. Talvez um pouco tarde, mas chegam. E agora é assim, não, Guarnieri? A resposta tão procurada chegou, mas o melhor ficou pra trás. Por que nem sempre um passo à frente significa mudanças significativas. Acho que eu não entendi muita coisa, e nem tu, não, Guarnieri?
Sim, Guarnieri, existe um ponto de parada em algum lugar por aí. Talvez um ponto mais silencioso também. Mas agora não quero saber mais nada. Não quero saber a respeito das diversas formas de fazer as coisas erradas, quando elas também podem ser certas. E por isso não vou falar mais nada; apenas vou ficar pensando sobre o que faltou no momento certo e também sobre aquele pequeno espaço de tempo que se foi há muito tempo.
Sei, Guarnieri, o quanto é difícil pensar em coisas complicadas agora. E repensar sobre aqueles momentos calmos também é irrisoriamente dispensável. É por isso que eu acho que nós dois devemos partir de vez por que viver sem profundidade talvez não valha a pena. Sim, é decepcionante perder chances importantes sem necessidade, e é também inútil continuar sem ter a menor vontade.
Sim, vamos partir, Guarnieri, de onde paramos. Mesmo que seja estranho. E então chegar, e percorrer essa resposta. Mesmo que isso leve a nossa vida inteira.
Camila Carelli